quinta-feira, 23 de junho de 2011

A Tãbua de Esmeralda



A famosa Tábua de Esmeralda sempre foi utilizada como ponto de partida para os estudiosos da alma humana. Segundo dizem, neste pequeno texto, originariamente gravado em uma esmeralda, estão encerrados os mais secretos segredos da vida. Alquimistas, filósofos, magos, cabalistas, basearam suas pesquisas neste fragmento de sabedoria, atribuído a um sábio egípcio chamado Hermes Trimegisto. Daí o motivo do nome hermetismo para generalizar as diversas correntes ocultistas ao longo do tempo. Veja uma versão do texto da Tábua de Esmeralda, seguido de uma breve interpretação pessoal.

"É verdade, correto e sem falsidade, que o que está em baixo, é como o que está em cima, para realizar os milagres de uma coisa só.

Como todas as coisas derivam-se da Coisa Única, pela vontade Daquele que as criou, pelo poder de sua palavra, assim também tudo deve a sua existência a esta Unidade, pela ordem Natural criadora.

O Sol é o seu pai, a Lua é a sua mãe, o vento o transporta em seu ventre, a terra é a sua nutriz. Este ente é o pai de todas as coisas do Mundo. Seu poder é imenso e perfeito.

Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, com muito cuidado e grande habilidade. Ela sobe da terra ao céu e de novo descerá à terra, deste modo recebe a força das coisas superiores e inferiores.

Por este meio terás a glória de todo o mundo quaisquer trevas afastar-se-ão de ti. É a força forte de toda a força, pois vencerá toda a coisa sutil e penetrará toda a coisa sólida. Assim foi criado o universo. E, Disto surgem maravilhosas realizações, cujo meio está aqui.

Por isso sou chamado Hermes Trismegisto, porque possuo poder sobre as três partes da sabedoria do mundo. O que eu disse da obra-mestra da Arte Alquímica, a Obra Solar, aqui está dito e encerrado. Tudo".




De acordo com as premissas da alquimia interior, a tábua da esmeralda revela, simplesmente, que existe um mundo espiritual que reflete tudo o que existe no mundo material ou vice-versa já que tudo é uma coisa só. Todas as experiências positivas e negativas têm sua origem nos níveis mais elevados da consciência. Com a compreensão destes segredos pode-se dominar o quinto elemento, denominado pelos antigos alquimistas de quintessência, que consiste na energia original criadora do Universo. O detentor deste poder pode descer aos abismos infernais se fizer o seu uso incorreto; ou ascender aos céus inefáveis se fizer o uso adequado.

Na compreensão do código da Esmeralda está a chave de ouro que abre o Palácio da Eternidade. Buscai e encontrareis esse conhecimento sagrado.
Aonde?
Dentro de você mesmo.
Como?
Somente através do estudo constante e da prática do autoconhecimento, será possível chegar a um entendimento profundo das palavras transcritas na esmeralda por Hermes. Existem diversas análises sérias e profundas acerca do texto acima. Entretanto, como se trata de um texto iniciático, acreditamos que só através do estudo e da prática da alquimia interior, pode-se chegar a uma interpretação segura acerca do texto.

Apenas para servir de estímulo e meditação sobre as verdades contidas na Tábua de Esmeralda, apresentamos uma breve interpretação de caráter pessoal acerca do texto iniciático de Hermes. Cada parte do texto será precedida de uma análise embasada nos conceitos mais espiritualizados do hermetismo. Vejamos:

É verdade, correto e sem falsidade, que o que está em baixo, é como o que está em cima, para realizar os milagres de uma coisa só. Aqui está confirmada a grande realidade esotérica de que tudo se manifesta em diversos planos de consciência ao mesmo tempo. Isso pode ser atribuído tanto à natureza do Universo em sua essência, quanto à nossa vida pessoal. Em outras palavras; assim como a terra e o universo visível é uma manifestação limitada da natureza de Deus; também somos uma pequena centelha da luz divina em expressão. Tudo o que está acima nos mundos superiores, é como o que vemos aqui neste mundo. Tudo é uma coisa só. Uma dimensão refletindo na outra e se relacionando mutuamente. Em nós ocorre processo idêntico. As mais diversas correntes herméticas são unânimes em afirmar que refletimos em nosso mundo fenomenológico tudo aquilo que vem do mais íntimo do nosso ser. Como o que está em baixo é uma representação do mais elevado, nossa experiência é uma manifestação direta daquilo que está dentro de nós. Isso é um grande segredo que, ao ser revelado aos olhos internos, representa na aquisição de um "grande poder".Como todas as coisas derivam-se da Coisa Única, pela vontade Daquele que as criou, pelo poder de sua palavra, assim também tudo deve a sua existência a esta Unidade, pela ordem natural criadora.Esta passagem nos faz refletir sobre a grande verdade de que tudo o que vemos, tocamos e sentimos é uma manifestação do Poder Criador Universal que, modestamente, costumamos chamar de Deus. Ele é plenitude, grandiosidade, onipresença e onipotência. É o Todo presente em tudo. Os universos e tudo o que neles há, são partes integrantes desse poder sem limites. A compreensão desta Verdade Absoluta simboliza a porta de entrada ao Templo de Luz, que se abre ao Iniciado. Sem o reconhecimento de que tudo é manifestação do Único, não é possível abrir as portas do Santuário. Esta é a Chave; a Senha.

O Sol é o seu pai, a Lua é a sua mãe, o vento o transporta em seu ventre, a terra é a sua nutriz. Este ente é o pai de todas as coisas do Mundo. Seu poder é imenso e perfeito. Em linguagem simbólica o sol representa o princípio masculino criador. É o poder ativo nos atos de criação, enquanto a lua representa a passividade. Esta passagem representa, lucidamente, uma alegoria aos processos criativos do homem, que é capaz de recriar sua vivência à maneira de um deus. Aqui é apresentada a maneira universal utilizada em todo processo criativo, tanto por Deus, quanto pelo homem. Nesta representação alegórica estão os segredos utilizados, consciente ou inconscientemente, por todos os seres humanos em seus processos criadores; é utilizado diariamente por todos, mas poucos sabem utilizá-lo de maneira metódica, consciente e dirigida. Sabiamente o texto prescrito na esmeralda diz que este ente (ato criador) é o pai de todas as coisas do mundo. Representa o quinto elemento ou a essência de toda criação divina - e humana. No homem esse poder é acionado em todas as vezes que se alimenta um pensamento, com as poderosas energias da fé e da vontade. Mas, atenção! A manifestação só se concretiza quando a vontade e a fé tornam se parte integrante da alma. Esse é um segredo hermético conhecido e reconhecido como o Grande Arcano. É utilizado para criar céu e inferno em nossa vida, através de nossa própria maneira de agir e reagir diante do mundo. O perfeito domínio desse poder consiste naquilo que se poderia chamar de "Pedra Filosofal". Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Separarás a terra do fogo, o sutil do denso, com muito cuidado e grande habilidade. Ela sobe da terra ao céu e de novo descerá à terra, deste modo recebe a força das coisas superiores e inferiores.
Aqui está o segredo para se conquistar o poder mencionado anteriormente, como o pai de todas as coisas. Todo o lento labor alquímico - do ponto de vista da Alquimia Espiritual - tem suas bases nestes preceitos. Separar o sutil do denso, ou seja: matéria e espírito. É exatamente assim que se processa a elevação espiritual. Através do desligamento do mundo dos fenômenos, nos momentos de oração ou meditação, elevamos o nosso ser da terra aos céus. Se o processo for executado corretamente, desceremos dessa ascenção momentânea, mais espiritualizados, cada vez mais adquirindo domínio sobre os poderes superiores e, consequentemente, sobre os mais inferiores. Dessa forma, através de um processo de evolução lento e contínuo, pode-se algum dia dominar a Arte Real e colaborar de forma magnífica com o Criador de todas as coisas na concretização da Grande Obra. Por este meio terás a glória de todo o mundo quaisquer trevas afastar-se-ão de ti. É a força forte de toda a força, pois vencerá toda a coisa sutil e penetrará toda a coisa sólida. Assim foi criado o Universo. E, disto surgem maravilhosas realizações, cujo meio está aqui.

Eis aqui o segredo dos segredos revelados aos olhos que podem enxergar e aos ouvidos preparados para ouví-lo: a concretização da Grande Obra consiste, simplesmente, em dominar e subjugar os quatro elementos em suas diversas naturezas, através de uma prática constante de autoconhecimento e autodomínio. Exercer com maestria o poder da vontade inabalável é a chave utilizada para abrir as portas do seu templo interior onde está resguardado dos olhos do mundo o seu tesouro oculto. Como diz o antigo texto prescrito por Hermes, esse o domínio desse poder (da forma correta, pode afastar as trevas), vencendo tudo o que é sutil e penetrando tudo o que é sólido já que tudo é uma coisa só. O grande Hermes afirma, concluindo, que é exatamente dessa forma que Deus criou o Universo e todas as coisas. Em outras palavras: o Verbo Divino ou a força da vontade de Deus. Todo o cosmos foi criado pelo poder de sua palavra (Verbo). O “Fiat Lux” (Faça-se a Luz) da criação. Esse mesmo poder foi doado ao ser humano por herança divina. Temos o poder divino de criar aquilo que imaginamos e cultivamos em nossa experiência de vida; seja o bem ou o mal. é por isso que a Bíblia diz que somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Porque temos o poder de criar, assim como ele.

“Por isso sou chamado Hermes Trismegisto, porque possuo poder sobre as três partes da sabedoria do Mundo. O que eu disse da obra-mestra da Arte Alquímica, a Obra Solar, aqui está dito e encerrado. Tudo".

Hermes aqui se auto-entitulava Trimesgisto (três vezes grande) porque dominava os três aspectos da sabedoria do mundo: física, mental e espiritual. Através da conquista dessa Arte era capaz de executar a Grande Obra com êxito.

Podemos fazer o mesmo.
O divino Mestre Jesus não estava brincando quando disse que qualquer um de nós poderia realizar milagres e curas maiores que as que ele próprio executou.

Como?

A resposta está em uma outra frase proferida pelo Divino Mestre em outra ocasião:

"... sede perfeitos como o vosso Pai Celeste" - disse Ele.

Difícil?

Quase impossível!

Como?

Através de um trabalho lento, persistente e contínuo, que pode durar um tempo além daquilo que podemos calcular através de uma visão puramente materialista.

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Este texto foi escrito por Francisco Ferreira (Mr. Smith).

Está licenciado sob uma Licença Creative Commons.

Atritos - Roberto Crema


ATRITOS

Ninguém muda ninguém;
ninguém muda sozinho;
nós mudamos nos encontros.

Simples, mas profundo, preciso.
É nos relacionamentos que nos transformamos.
Somos transformados a partir dos encontros,
desde que estejamos abertos e livres
para sermos impactados
pela idéia e sentimento do outro.

Você já viu a diferença que há entre as pedras
que estão na nascente de um rio,
e as pedras que estão em sua foz?

As pedras na nascente são toscas,
pontiagudas, cheias de arestas.

À medida que elas vão sendo carregadas
pelo rio sofrendo a ação da água
e se atritando com as outras pedras,
ao longo de muitos anos,
elas vão sendo polidas, desbastadas.

Assim também agem nossos contatos humanos.
Sem eles, a vida seria monótona, árida.
A observação mais importante é constatar
que não existem sentimentos, bons ou ruins,
sem a existência do outro, sem o seu contato.
Passar pela vida sem se permitir
um relacionamento próximo com o outro,
é não crescer, não evoluir, não se transformar.

É começar e terminar a existência
com uma forma tosca, pontiaguda, amorfa.
Quando olho para trás,
vejo que hoje carrego em meu ser
várias marcas de pessoas
extremamente importantes.

Pessoas que, no contato com elas,
me permitiram ir dando forma ao que sou,
eliminando arestas,
transformando-me em alguém melhor,
mais suave, mais harmônico, mais integrado.
Outras, sem dúvidas,
com suas ações e palavras
me criaram novas arestas,
que precisaram ser desbastadas

Faz parte...
Reveses momentâneos
servem para o crescimento.
A isso chamamos experiência.
Penso que existe algo mais profundo,
ainda nessa análise.
Começamos a jornada da vida
como grandes pedras,
cheia de excessos.

Os seres de grande valor,
percebem que ao final da vida,
foram perdendo todos os excessos
que formavam suas arestas,
se aproximando cada vez mais de sua essência,
e ficando cada vez menores, menores, menores...

Quando finalmente aceitamos
que somos pequenos, ínfimos,
dada a compreensão da existência
e importância do outro,
e principalmente da grandeza de Deus,
é que finalmente nos tornamos grandes em valor.

Já viu o tamanho do diamante polido, lapidado?
Sabemos quanto se tira
de excesso para chegar ao seu âmago.

É lá que está o verdadeiro valor...
Pois, Deus fez a cada um de nós
com um âmago bem forte
e muito parecido com o diamante bruto,
constituído de muitos elementos,
mas essencialmente de amor.
Deus deu a cada um de nós essa capacidade,
a de amar...
Mas temos que aprender como.

Para chegarmos a esse âmago,
temos que nos permitir,
através dos relacionamentos,
ir desbastando todos os excessos
que nos impedem de usá-lo,
de fazê-lo brilhar

Por muito tempo em minha vida acreditei
que amar significava evitar sentimentos ruins.
Não entendia que ferir e ser ferido,
ter e provocar raiva,
ignorar e ser ignorado
faz parte da construção do aprendizado do amor.

Não compreendia que se aprende a amar
sentindo todos esses sentimentos contraditórios e...
os superando.
Ora, esse sentimentos simplesmente
não ocorrem se não houver envolvimento...

E envolvimento gera atrito.
Minha palavra final: ATRITE-SE!

Não existe outra forma de descobrir o amor.
E sem ele a vida não tem significado.

Roberto Crema

Psicologia Transpessoal


Artigos
Psicologia Transpessoal
Por Alexandre Pedrassoli
A psicologia, uma ciência bastante recente em termos históricos, ainda está à espera de uma unificação, uma lei geral que coordene suas diversas visões, por vezes antagônicas. Alguns autores admitem inclusive a existência não de uma única disciplina chamada psicologia, mas de diversas psicologias. Realmente, as diversas abordagens psicológicas, como a psicanálise, o behaviorismo e o humanismo, entre outras, divergem em sua essência, já que apresentam diferentes visões do ser humano. São portanto, incompatíveis, desde seus pressupostos mais elementares.

Pode-se dizer que a psicologia transpessoal é a primeira tentativa de integrar as diferentes visões de homem em uma visão mais ampla e abrangente, onde as divergências de opinião não sejam mais vistas como antagonismos, mas como visões complementares e não-excludentes sobre o mesmo objeto de estudo: o ser humano.

O termo transpessoal significa “além do pessoal” ou “além da personalidade”. Utiliza-se esse termo porque a psicologia transpessoal ocupa-se de capacidades humanas que estão além da esfera do ego. A abordagem transpessoal procura integrar em sua visão todo o potencial humano que está ainda por desenvolver. Essas capacidades potenciais estão relacionadas à existência de estados superiores de consciência, ainda desconhecidas para a maior parte da humanidade. O caminho para atingir esses estados é o caminho da autotranscendência, ou superação do ego individual. Daí os termos: superação do ego, além do ego, trans-ego, transpessoal.

A psicologia transpessoal é também a primeira corrente da psicologia a considerar expressamente que o homem possui uma dimensão espiritual. Chega a ser uma ironia que a psicologia, que adotou uma palavra que significa “estudo da alma” para definir a si própria (do grego: psykh(o) = alma e logía = ciência, estudo sistemático), não tivesse até então se interessado em estudar mais detidamente a espiritualidade humana. O Prof. Dr. Elias Boainain Jr., em sua tese de doutorado sobre as dimensões transpessoais da psicologia rogeriana (veja Carl Rogers), fala-nos sobre a espiritualidade como um dos objetos de estudo da psicologia transpessoal:

A espiritualidade, ou a dimensão espiritual do homem [...] identifica o Movimento Transpessoal como a primeira corrente da Psicologia contemporânea que dedica atenção sistemática e privilegiada à dimensão espiritual da experiência humana, até então ignorada, negada, negligenciada ou reduzida a derivações secundárias de outras faixas inferiores do ser, como a sexualidade e a agressividade sublimadas, por exemplo. O próprio uso mais ou menos freqüente e generalizado do termo espiritual que os transpessoais fazem, tomando emprestado à Religião este e outros vocábulos, na falta de termos próprios na tradição psicológica ocidental, fala-nos do desinteresse da Psicologia pelo assunto. (BOAINAIN JR., 1996)

Histórico
Reconhece-se atualmente na psicologia quatro grandes correntes, ou “forças”. A Primeira Força é a abordagem comportamental ou Behaviorismo. A Segunda Força é a Psicanálise, fundada por Sigmund Freud e a Terceira Força é a Psicologia Humanista. A Psicologia Transpessoal surgiu então com a proposta de ser a Quarta Força da Psicologia (para mais detalhes, veja O que é psicologia (para leigos)). De modo diferente das 3 forças que a antecederam, a Psicologia Transpessoal não aparece com contestação das correntes já vigentes, mas como uma evolução natural da Terceira Força, a Psicologia Humanista. De fato, é de dentro do movimento humanista que surgem alguns dos “fundadores” do movimento transpessoal. Dentre eles, destacam-se Abraham Maslow (1908-1970) e Antony Sutich (1907-1976). Em seu livro Introdução à Psicologia do Ser, na edição de 1968, Maslow aponta para o surgimento da Quarta Força:

Devo também dizer que considero a Psicologia Humanista, ou Terceira Força em Psicologia, apenas transitória, uma preparação para uma Quarta Força ainda “mais elevada”, transpessoal, trans-humana, centrada mais no cosmos que nas necessidades e interesses humanos, indo além do humanismo, da identidade, da individuação (…). (MASLOW, 1998, p.ii).

Em 1967, um comitê liderado por Sutich e do qual participaram nomes como James Fadiman, Michael Murphy, Miles Vich e Sidney Jourard, passa a reunir-se para organizar a publicação de uma revista de Psicologia Trans-Humanística, primeiro nome dado à nova abordagem. Em 1968, o mesmo comitê, com a participação de Viktor Frankl e Stanislav Grof, mudam o nome para Revista de Psicologia Transpessoal (Journal of Transpersonal Psychology) e a revista é lançada em 1969. É a partir de então que o termo “transpessoal” passa a ganhar força. Em 1972, funda-se a Associação de Psicologia Transpessoal (Association for Transpersonal Psychology). Marcia Tabone relata esse período inicial:

Durante os dez primeiros anos de existência da Association for Transpersonal Psychology, houve uma rápida evolução e a perspectiva transpessoal transcendeu os limites da Psicologia, da Psiquiatria e especialmente da Psicoterapia. As descobertas revolucionárias de outras disciplinas, como a Física quântica relativista, a teoria dos sistemas, a Parapsicologia, a Holografia, etc., confirmaram e fundamentaram as constatações apresentadas pelo movimento transpessoal. (TABONE, 1988, p.99)

Do surgimento do movimento até os dias de hoje, nota-se que houve uma mudança de ênfase. Originalmente entusiasmada com os chamados “estados alterados de consciência” (atualmente denominados “estados inusuais de consciência”), passou gradualmente a procurar uma visão integradora, que procurasse absorver as teorias antecessoras e dar um corpo único à psicologia, de acordo com a nova visão de homem. Autores como Roberto Assagioli, com sua Psicossíntese e Ken Wilber, com a teoria do Espectro da Consciência que resultou na sua Psicologia Integral, colaboraram para criar modelos abrangentes da consciência humana, tentando englobar as demais correntes psicológicas.

A Psicologia Transpessoal observou também que alguns estados comumente classificados como “surtos psicóticos” se assemelhavam às experiências místicas de vários povos, de diversas linhas religiosas e espirituais. Passou então a considerar que alguns desses “surtos” são na verdade experiências de transcendência ou de dissolução temporária do ego, para uma ampliação de consciência. Stanislav Grof chama esses estados de “emergência espiritual”, e ocupou-se de estabelecer critérios para diferenciá-los dos surtos psicóticos. Essas “experiências culminantes”, segundo a terminologia de Maslow, são assim descritas por Grof.

Sentimentos de unidade com todo o universo. Visões e imagens de épocas e locais distantes. Sensações de vibrantes correntes de energia percorrendo o corpo, acompanhadas de espasmos e violentos tremores. [...] Vívidos vislumbres de luzes brilhantes e das cores do arco-íris. Temores de insanidade, e até de morte, iminente. (GROF, 1989, p.23)

Segundo a Associação de Psicologia Transpessoal, estes são, entre outros, os objetos de estudo dessa associação:

•Psicologia e Psicoterapia
•Meditação, caminhos e práticas espirituais
•Mudança e transformação pessoal
•Pesquisa da consciência
•Vício e recuperação
•Pesquisa de psicodélicos e estados alterados de consciência
•Morte e Experiências de Quase-Morte (EQM)
•Auto-realização e valores superiores
•A conexão mente-corpo
•Mitologia e Xamanismo
•Experiências culminantes
Atualmente, a Psicologia Transpessoal no Brasil encontra ainda resistências junto ao meio acadêmico, embora um número crescente de trabalhos nessa linha venha sendo produzido. Poucos cursos de graduação em Psicologia oferecem a disciplina de Psicologia Transpessoal, embora haja um gradual crescimento na oferta de cursos de especialização nessa área. Nos Estados Unidos, há vários anos, já existe a especialização em Psicologia Transpessoal, sob diversos nomes. Um desses cursos em funcionamento é o de Psicologia Integral, idealizado por Ken Wilber.

Links relacionados:
Journal of Transpersonal Psychology: www.atpweb.org/journal.asp

Association for Transpersonal Psychology: www.atpweb.org

ALUBRAT – Associação Luso-Brasileira de Transpessoal: www.alubrat.net

ABPT – Associação Brasileira de Psicologia Transpessoal: www.abptranspessoal.com

Autores Relacionados:
•Abraham Maslow
•Anthony Sutich
•Carl Gustav Jung (pesquisar livros)
•Carl Rogers (pesquisar livros)
•Frances Vaughan
•Fritjof Capra (pesquisar livros)
•Ken Wilber (pesquisar livros)
•Pierre Weil (pesquisar livros)
•Roger N. Walsh
•Stanislav Grof (pesquisar livros)
•Viktor Frankl (pesquisar livros)
Referências Bibliográficas
Association for Transpersonal Psychology. About ATP: Transpersonal Perspective. Disponível em: . Acesso em 8 maio 2008.

Boainain Jr., Elias. Transcentrando: Tornar-se transpessoal. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, Instituto de psicologia. São Paulo, 1996.

Grof, Stanislav. Além do Cérebro. São Paulo: McGraw-Hill, 1988.

Grof, Stanislav; Grof, Christina. Emergência Espiritual. São Paulo: Cultrix, 1989.

Maslow, Abraham M. Toward a Psychology of Being (Introdução à Psicologia do Ser). 3.ed. Now York: John Wiley & Sons, 1998.

Tabone, Marcia. A Psicologia Transpessoal. São Paulo: Cultrix, 1988.

Artigos Relacionados
•Maslow e as pessoas auto-realizadoras
•O que é psicologia (para leigos)
•Stanislav Grof
Tags: psicologia, psicologia transpessoal

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O Universo Auto-consciente de Amit Goswani


O Universo Auto-consciente de Amit Goswani e a Filosofia do Idealismo Monista.

"O universo é auto-consciente através de nós". - Amit Goswmi - PhD.

O UNIVERSO AUTO-CONSCIENTE DE AMIT GOSWAMI
"O universo é auto-consciente através de nós". - Amit Goswmi - PhD.

Uma pequena biografia: Amit Goswami PhD. É um dos mais importantes físicos da atualidade e um dos poucos que penetrou fundo na espiritualidade humana. No seu livro "O Universo Auto-Consciente" - demonstra como a consciência cria o mundo material. Cientificamente, através da física quântica, ele prova que o universo é um conjunto superior - Deus_. Isto torna sólida a sua afirmação de que á a consciência que cria a matéria e não o contrário, como até hoje "crê" o Realismo Materialístico implantado na ciência por Isaac Newton e Rennè Descartes. Amit Goswami é professor titular de física quântica no Instituto de Física Teórica da Universidade do Oregon e autor de numerosos textos científicos.
Rose Marie Muraro - Editora Rosa dos Tempos.

Infinito: Atualmente, o físico Amit Goswami presta serviços no Instituto de Ciências Noéticas, fundado pelo astronauta e psicólogo Edgard Mitchell.

A FILOSOFIA DO "IDEALISMO MONISTA"

"Quanto mais eu observo o universo mais ele se parece a um grande pensamento do que a uma grande máquina". - Albert Einstein

A base do Idealismo Monista é a CONSCIÊNCIA e não a matéria. Reduzindo-se tudo à sua origem encontramos a CONSCIÊNCIA.
Ela é a realidade única e final da matéria, dos pensamentos, a noção do imanente e do transcendente, os arquétipos, idéias, do mundo manifesto, enfim, tudo é a consciência.
A filosofia do Idealismo Monista é unitária, as subdivisões são realizadas pela e na consciência. Na Grécia, o filósofo Platão deixou na sua "República" a proposta do Idealismo Monista, na atualidade, ela é defendida pelo físico teórico Amit Goswami Phd.
Na "República", Platão exemplifica a sua teoria usando a "Alegoria da Caverna", que se tornou célebre.

A Alegoria da Caverna - Platão

Dentro de uma caverna estão sentados seres humanos, hipnotizados pelo jogo de luzes e sombras projetado na parede da caverna. A hipnose é tão grande, que estes seres não se voltam e não conseguem tirar os seus olhos daquela projeção. Entretanto, é a luz que projeta aquele espetáculo de sombras, do universo que está lá fora.
Nós somos idênticos aos seres que estão nesta caverna, como eles, confundimos a realidade com as sombras-ilusões, que contemplamos embevecidos na parede da nossa caverna. Entretanto, a realidade genuína está às nossas costas na luz e nas formas arquetípicas que ela projeta como sobras.
Esta alegoria serve para demonstrar que os nossos "espetáculos de sombra" são as manifestações imanentes-irreais da nossa experiência humana de realidades arquetípicas, pertencentes a um mundo transcendente. A LUZ é a única realidade nesta alegoria, pois é tudo o que percebemos. - "No idealismo Monista, a CONSCIÊNCIA é como a luz na Caverna de Platão". Amit Goswami.

O Idealismo Monista nas literaturas idealistas das diversas culturas

Vedanta - Índia: NAMA são os arquétipos transcendentes e RUPA a sua forma imanente.
A Consciência Universal é Brahman, o ser fundamental e único. Brahman existe para além de Maya (ilusão).
"Todo este universo sobre o qual falamos e pesamos nada mais é do que Brahman. Nada mais existe".
Budismo: NIRMANAKAYA e SAMBHOGAKAYA são os reinos materiais e das idéias.
DHARMAKAYA, acima destes reinos é a consciência única que os ilumina.
Na realidade, só existe o Dharmakaya! "Nirmanakaya é a aparência do corpo de Buda e as suas atividades inescrutáveis. O Dharmakaya de Buda está livre de qualquer percepção ou concepção de forma".

O Yin-Yang é um símbolo taoísta. O yang é a parte clara, símbolo masculino e o yin a parte escura, símbolo do feminino. O yang é o reino do transcendente e o yin o imanente. "Aquilo que permite ora as trevas, ora a luz, é o TAO", o Uno que transcende suas manifestações complementares.

A Kabbalah judaica - são duas as ordens de realidade: Sefiroth - transcendente, teogonia e a Alma de peruda imanente "o mundo da separação". O ZOHAR dia: "Se o homem contempla as coisas em meditação mística, tudo se revela com Uno".

Cristandade - Céu, transcendente e Terra, imanente. São originadas, estas palavras, do Idealismo Monista. O que está além do céu e da terra? O Rei, a Divindade. "Ela (a consciência fundamento do SER) está em nosso intelecto, alma e corpo, no céu, na terra, enquanto permanece em SI MESMA. Ela está simultaneamente em, à volta e acima do mundo supercelestial, um sol, uma estrela, fogo, água, espírito, orvalho, nuvem, pedra, rocha, tudo o que há". Dionísio - idealista cristão.

Há que se observar que em todas estas descrições a Consciência é tida como ÚNICA, mas chega até nós através das suas manifestações complementares, idéias e formas. Este é um importante e precioso componente da Filosofia Idealista.

Misticismo - Você pode pegar uma pedra, pode arrastar e se sentar em uma cadeira, observar as coisas ao seu redor e crer que são realidades materiais separadas de você e das outras pessoas. Você as considera REAIS, porque as experiências da forma como se fossem materiais e perfazendo toda uma realidade.
As experiências mentais são diferentes, não se parecem com as ditas reais e materiais, por esta razão, nós resolvemos que "mente" e "corpo" são separados, cada qual no seu domínio, nos tornamos, portanto, dualistas.Com o dualismo as explicações ficam dificultadas: como pode uma coisa imaterial, como a mente, interagir com outra material, como corpo material? Se interagirem uma com o outro, qual seria a troca de energias entre os dois? Pela lei da "conservação de energia" no universo material, a energia permanece constante e nada ainda nos provou que essa energia foi desviada para o domínio mental ou que dele foi retirada. E agora? Como estes dois domínios agem para fazerem as suas interações?
Os seguidores do idealismo sustentam a realidade primária da consciência e dão o justo valor às nossas experiências subjetivas, mas... não sugerem e nem afirmam que a consciência é a MENTE. Muita atenção: costumamos confundir "alhos com bugalhos" - A CONSCIÊNCIA NÃO É A MENTE! Mantenham esta explicação para sempre.

Então o que é a consciência?

Pego, nas minhas mãos uma bola que é um objeto material. E penso neste objeto como sendo uma bola. O objeto material-bola - e o mental - meu pensamento sobre o objeto bola - todos os dois se tornam objetos na consciência e nesta experiência existe um observador, um sujeito que está experimentando - pegar na bola e nela pensar.
De acordo com Idealismo Monista, a consciência do sujeito em uma experiência sujeito-objeto é a mesma que constitui o fundamento de todo o ser: só há um "sujeito-consciência" pois a consciência é UNITIVA e SOMOS essa consciência!

Os Upanishades, livros sagrados da Índia, afirmam - "Tu és ISSO" - e os hindus chamam à consciência, sujeito/ser do ATMAN.
No cristianismo, a consciência é o Cristo Interno, o Eu Superior ou o Espírito Santo. Para os cristãos quakre, ela é a LUZ interna. O que importa não são os seus nomes e sim a sua experiência transmutadora inefável, inestimável. O filósofo Aldous Huxley escreveu um livro "A Filosofia Perene", o testemunho dos grandes vultos da humanidade que vivenciaram o ser-consciência, todos eles falam a mesma linguagem e expressam a linguagem da consciência de forma semelhante, a Unidade na Diversidade dos vários personagens que dela forneceram os seus testemunhos.

As religiões

As religiões foram fundadas, com o fito de simplificarem para as massas os ensinamentos místicos dos que vivenciaram a Realidade Absoluta. Cada uma apresenta a sua senda, um caminho, mas a DESCOBERTA final só poderá ser feita por cada um dos peregrinos, ninguém, ninguém mesmo poderá faze-la por você, este é o SEU trabalho.
Infelizmente, todas as religiões se tornaram DUALISTAS. O dualismo das religiões monoteístas judaico-cristãs absorveu a psique ocidental se apoiando em uma hierarquia de intérpretes. Tal como separou Descartes - Mente e Corpo -, o dualismo - Deus/mundo, não parece resistir ao exame científico, explicita o físico teórico Amit Goswami.
O Idealismo Monista, compatível com a física quântica, fornece um novo paradigma que pode solucionar os paradoxos do misticismo (transcendência e pluralidade) e dar partida a uma ciência idealista e de fazer a revitalização das religiões.

Goswami aponta: os quatro aspectos da consciência

1. Percepção: campo da mente, trabalho global.
2. Os objetos da consciência: pensamentos e sentimentos passageiros
3. O sujeito/observador/experienciador e testemunha - o self consciente
4. Consciência, fundamento de todo o SER.

Não podemos identificar a consciência com as nossas percepções motoras, sensações e impressões sensoriais. Você se identifica com os seus dedos, no ato de escrever ou com os seus pés no ato de andar? Nada disto e nem um dos chamados "concomitantes" externos da nossa experiência consciente podem ser confundidos com os elementos fundamentais da nossa consciência. No âmago da nossa mente, os pensamentos, sentimentos e opções se encarados assim, nos jogariam dentro do conceito errôneo de Descartes - penso logo existo - quando o correto é - "escolho, logo existo" - Ulrich Neisser adverte e prova o que diz através da física quântica. Escolher é uma função primordial da consciência. "A psicologia não está pronta para enfrentar a consciência" - Amit Goswami retruca - "por sorte, a física está".

Fontes:
O Universo Autoconsciente - Amit Goswami, Phd - Ed. Rosa dos Ventos.
A Filosofia Perene - Aldous Huxley.

* Ilustração: Claudio Salvio.

A Memória da Natureza

A MEMÓRIA DA NATUREZA
Maria Cecile Azambuja
Jornalista
No século XIX, Charles Darwin revolucionou a ciência com suas teorias a respeito da evolução das espécies. No século seguinte, outro inglês, Rupert Sheldrake, também causou polêmica no meio científico. Suas teorias são consideradas revolucionárias porque abalam as verdades já estabelecidas sobre a origem das espécies. Apesar de parecerem muito complicadas elas podem ser resumidas de uma maneira bem simples: a natureza tem memória.

Como todo grande cientista, Rupert Sheldrake sempre foi um observador da natureza. Descobriu muito cedo que ela está a todo momento produzindo pistas que podem nos levar a novas respostas sobre o mistério da criação. A primeira grande "revelação" aconteceu quando tinha menos de cinco anos de idade. Ele observava um galho que brotava de uma estaca de madeira que parecia estar morta. Ficou fascinado com a capacidade de renascimento da planta e começou a tentar compreender o mistério que se esconde nos processos de morte e de regeneração sempre presentes na natureza.

Depois de muitos anos de estudo e pesquisa chegou à conclusão de que a chave desse mistério estaria numa espécie de memória: uma memória coletiva e inconsciente que faz com que formas e hábitos sejam transmitidos de geração para geração. Sheldrake chamou essa memória coletiva de campo mórfico. Esse campo seria uma região de influência que atua dentro e em torno de todo organismo vivo. Algo parecido com o campo eletromagnético que existe em volta dos imãs.

Para o cientista, cada grupo de animais, plantas, pássaros etc está cercado por uma espécie de campo invisível que contém uma memória e que sugere que as leis da natureza são como hábitos. Cada animal usa a memória de todos os outros animais da sua espécie. Esses campos são o meio pelo qual os hábitos de cada espécie se formam, se mantém e se repetem. Os seres humanos também têm uma memória comum. É o que Jung chamou de inconsciente coletivo.

A existência dos campos mórficos pode ser demonstrada de várias maneiras.

Sheldrake já realizou várias pesquisas para provar que o corpo possui um campo mórfico e quando se perde uma parte desse corpo, o campo permanece. Um exemplo é.uma das experiências que fez. Uma pessoa que não tem parte do braço age como se estivesse empurrando o membro fantasma através de uma tela fina. Do outro lado da tela, uma outra pessoa tenta tocar o braço fantasma. De acordo com Sheldrake, as duas pessoas envolvidas na experiência são capazes de sentir o toque. É uma prova de que alguma coisa do braço ainda existe concretamente e não apenas no cérebro da pessoa que o perdeu.

Os campos mórficos também se aplicam àquela sensação que a maioria das pessoas tem quando sente que está sendo observada por trás. A pessoa se vira e comprova que alguém realmente a estava observando.

A respeito da teoria da memória coletiva, Sheldrake lança uma luz sobre a questão da existência de vidas passadas. Ele diz que às vezes as pessoas podem entrar em sintonia com as memórias de uma outra pessoa que existiu no passado. O que não significa que elas foram realmente aquela pessoa, mas que se teve acesso à memória dela.

A aplicação prática mais importante dos campos mórficos pode estar na educação. Sheldrake garante que os seres humanos aprendem com mais facilidade o que os outros aprenderam antes. Esse fenômeno é muito comum entre os químicos. Quando um deles tenta cristalizar um novo composto leva muito tempo para conseguir um bom resultado. Mas a partir desse momento em outros lugares do mundo muitos outros químicos conseguem cristalizar o mesmo composto num tempo muito mais curto. A experiência mais fácil de se compreender é a que foi feita numa universidade inglesa. Alguns pesquisadores conseguiram provar que as palavras cruzadas dos jornais são muito mais fáceis de resolver quando feitas no dia seguinte à publicação original.

Mas além de um grande bioquímico, Sheldrake também pode ser considerado um filósofo. Ele defende a idéia de que temos de nos responsabilizar não só pelos nossos atos e palavras. Precisamos também tomar muito cuidado com os nossos pensamentos, pois estes interferem no meio ambiente e podem ter conseqüências em lugares muito distantes.

(Texto extraído do Jornal Vimana, nº3 – pg 15)

A Natureza Transpessoal da Consciëncia



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A Natureza Transpessoal da Consiência

“Para compreender a área transpessoal, temos que começar avaliando a consciência sob um ponto de vista inteiramente novo”. Stanislav Grof M.D.


As neurociências e seus seguidores nos dizem que a nossa consciência é criada dentro do nosso cérebro e está contida na caixa óssea que denominamos “cabeça”. Afirma também, que a consciência se finda quando morremos. Em termos dos conceitos transpessoais as coisas se passam de forma diferente: a consciência é algo que existe independentemente de nós e que, na sua essência, não é limitada pela matéria. É independente dos nossos cinco sentidos físicos, sendo usada por eles, apenas, para nos fazer perceber, cotidianamente o decorrer das nossas vidas.
Na área transpessoal aprendemos também, que a consciência é infinita e se estende para além do espaço e do tempo. Nós limitamos a infinitude da nossa consciência, devido aos conceitos que nos foram impostos desde a infância pela nossa cultura materialista. A consciência é una, não é uma exclusividade nossa e não conhece a separatividade que a humanidade criou: o eu e o você. A consciência una é sua e minha, mas permeia toda a natureza, desde as formas as mais elementares, às mais sofisticadas e complexas.
A nossa dificuldade em admitirmos a natureza transpessoal da consciência foi imposta por aquilo que se convencionou, na nossa cultura, a chamarmos de “bom senso”.
A consciência é como uma teia onde todos nós estamos ligados haurindo os seus benefícios sem o sabermos que os compartilhamos integralmente uns com os outros.
Na atualidade, o físico e quântico Amit Goswami, Ph.D., criou uma teoria – o Idealismo Monístico – onde afirma que a consciência é a matrix de toda a matéria existente, é o princípio da VIDA que a ciência vêm procurando há tanto tempo, em vão.


O Histórico

A consciência transpessoal passou a ser o objeto de investigação séria há mais de meio século, pelos cientistas pioneiros que nela viram muito mais do que o “reino do misticismo”, da “religião”, do “paranormal” ou do “mágico”. A ciência, de há muito delegara esta área aos sacerdotes e aos místicos.
O considerado “precursor” da psicologia transpessoal foi o psicólogo suíço Carl Gustav Jung.
Jung declarou, no final da sua vida, que o seu trabalho mais maduro durante toda a sua carreira, cresceu com as experiências transpessoais que fez e relatou isto no seu livro “Septem Sermones ad Mortuos” (Os Sete Sermões aos Mortos), publicado primeiramente em 1916. Neste livro, Jung descreve a sua descoberta do mundo transpessoal quando rompeu as barreiras do estado de consciência comum, penetrando num mundo que ele, sequer imaginava. Neste mundo ele encontrou uma entidade que lhe disse chamar-se “Basilides”. Basilides, perguntado por Jung, esclareceu-lhe que vivera em Alexandria, muitos séculos antes do nascimento do psicólogo. Basilides transmitiu a Jung o conhecimento do “Pleroma”, um conceito transpessoal que mais tarde influenciaria o psicólogo na descoberta do “inconsciente coletivo” da humanidade.


O Pleroma, como ensinado por Basilides

“O Pleroma é, ao mesmo tempo, o princípio e o fim dos seres criados. Ele os penetra, como a luz do sol penetra em qualquer lugar, penetra o ar... Somos, entretanto, o próprio Pleroma porque somos parte do eterno e do infinito. Mesmo no seu ponto o mais insignificante o Pleroma não tem fim, é inteiro, desde que pequeno e grande são qualidades contidas nele. Ele é este nada o qual é tudo e é continuidade”!

A segunda entidade encontrada por Jung no mundo transpessoal foi Philemon, quem influenciou profundamente o seu trabalho. Philemon lhe aparecia como sendo uma “figura espiritual”. Jung atribuiu a Philemon muito do sucesso do seu trabalho e da sua obra.
Como curiosidade: Jung foi o primeiro ser humano a conhecer e divulgar a “cor azul” do planeta Terra. Na sua autobiografia ele relata que, doente, frágil, ele obteve uma expansão desmesurada da sua consciência (semelhante a uma OBE ou “saída fora do corpo”) e constatou, deslumbrado, a coloração azul da Terra. Depois, conta ele, procurou saber a que distância deveria estar fora da Terra para presenciar tal espetáculo. Ao conhecer as coordenadas, ficou literalmente “siderado”! Há que se notar que nesta época, o astronauta russo Yuri Gagarin ainda nem havia nascido!


Abraham Maslow

Um dos mais importantes os pioneiros cujo trabalho e pesquisas científicas forneceram a base e as vigas de suporte da psicologia transpessoal. Foi Maslow quem cunhou o termo “experiências culminantes” ou “de pico”, aquelas que nos comprovam a tese de que: “somos mais do que os nossos corpos físicos, porque somos mais do que matéria física”, realidade esta só encontrada quando, deliberada ou ocasionalmente, fazemos a descoberta do nosso nível transpessoal. Outra das suas grandes contribuições para a área transpessoal foi a “despatologização” da psique, ou seja, Maslow não catalogou como “doença” ou “estado de escuridão” as manifestações provenientes do âmago ou “core interno” existente em cada um de nós. Ao contrário ele glorificou e dignificou estas manifestações elegendo-as fonte de saúde e de criatividade.
A sua teoria a respeito do que se pensava acerca deste núcleo, âmago ou “core interno” dos seres humanos, mostrou que a realidade é muito diferente dos conceitos existentes sobre este núcleo. Os ocidentais desprezaram e obscureceram a sua importância relegando-o ao reino da superstição, como pertencente a forças malignas perigosas ou a neuroses. Todos nós deveríamos reprimir as manifestações do “core interno”, catalogadas como “impulsos neuróticos”, nocivos para nós. O feito de Maslow foi o de provar através do seu trabalho com pessoas “realizadas” (que haviam completado a sua auto-realização do self) que este acontecimento pode e nos coloca diante do nosso potencial máximo, se não reprimirmos as suas manifestações ou os seus sinais, todos provenientes deste “self ou core”. Ao contrário, tudo o que deveríamos fazer para conseguirmos a nossa auto-realização seria receber estas manifestações, aprendermos com elas e ouvirmos o que têm para nos dizer.
A pesquisa de Maslow indica: mesmo que estas “vozes e impulsos” provenientes do “core self” (como o Philemon de Jung) nos possam parecer “murmúrios sutis e delicados, que podem ser facilmente sufocados pelos ensinamentos da desaprovação recebidos da nossa cultura ou pelo medo da desaprovação e das sanções”, é verdadeira a assertiva de que: “a autêntica manifestação do self pode ser definida, em parte, como sendo apta para ouvir estas vozes-impulsivas interiores”... Abraham Maslow diz: “Nenhuma saúde psicológica é possível a menos que este “core” essencial de cada pessoa seja fundamentalmente aceito, amado e respeitado”.

Anthony ( Tony ) Sutich

Juntamente com Abraham Maslow e Stanislav Grof, foi o pioneiro da Psicologia Transpessoal e também com Maslow, da Psicologia Humanística, a matriz da Psicologia Transpessoal. Sutich fundou o “ Journal of Humanistic Psychology” em 1958 .
Após profundas discussões sobre os assuntos que fundamentariam a Psicologia Transpessoal com Abraham Maslow e Stanislav Grof, a respeito das suas próprias experiências decorrentes das Buscas Espirituais e seus efeitos nas quais os três estavam envolvidos, Sutich fundou mais um jornal: “Journal of Transpersonal Psychology” e também o “Transpersonal Institute” mais tarde transformado na “ Association for Transpersonal Psychology “.
A diferença entre a Psicologia Humanística e a Transpessoal é a seguinte: a Psicologia Humanística visa conhecer o potencial do ser humano em termos do seu desenvolvimento existencial e fenomenal. A Psicologia Transpessoal abrange um conhecimento universal amplo relativo à religião, espiritualidade e fenomenologia e também procura pelos resultados da transcendência, a mais conclusiva, a respeito do que ocorre nas experiências “de pico” ou “culminantes”, acontecidas durante os Estados de Consciência Alterados....e vai mais além.....
Se a Psicologia Humanística era vista pelos três colegas como sendo a terceira força, a Psicologia Transpessoal foi reconhecida por eles como sendo a quarta força. As duas outras: O Behaviorismo e a Psicoterapia.
Quarta Força, porque ela transcende as outras três mergulhando profundamente no reino da fenomenologia transcendental e da metafísica, ultrapassando assim todos os limites do conhecimento científico materialista também.
Sutich faleceu no ano de 1976 deixando uma extensa e frutífera obra exposta através dos seus livros e “papers”.
O jornal fundado por Sutich contribuiu e contribui para a Psicologia Transpessoal, publicando “papers” empíricos, artigos e estudos feitos sobre o transpessoal, avaliações mais recentes, contribuições originais, consciência e estados de consciência alterados, experiências culminantes, Êxtases, experiências místicas essenciais, estados de bem-aventurança, transcendência do “self”, conhecimento cósmico, encontros transpessoais máximos, fenômenos transcendentais , atividade sensorial máxima, etc.


William James

Considerado o “pai” da pesquisa psicológica moderna, William James, concordando com as teorias de Jung e de Maslow, rogou às pessoas para que se esforçassem por libertarem os seus “core selfs” das fronteiras arbitrárias que foram erigidas ao redor dele e que são verdadeiramente, as cercas dentro das quais aprisionamos a nossa psique, impedindo-a de nos fornecer as vastas possibilidades de realizações das quais dispõe para nos oferecer.


“Muitas pessoas vivem... num verdadeiro círculo restrito do seu potencial. Elas usam apenas uma pequena porção da sua consciência e das provisões contidas na sua alma. De uma maneira geral, são semelhantes a um homem que, desprezando todo o seu corpo, criasse o hábito de só usar e mover, apenas, o seu dedo mindinho”. William James.


Roberto Assagioli

Psiquiatra e cirurgião nascido em Veneza – Itália.
Roberto Assagioli foi um ser humano maravilhoso sempre pronto a ajudar os que o procuravam e sempre apresentando a atuação dos que vivem em paz, construiu à sua volta uma “aura” de gratidão, afeto, admiração e respeito. Inconformado com a psicanálise, que para ele não atingia a “longa distância da natureza humana”, explorada sessenta anos antes por Abraham Maslow, em 1910, criou a psicosíntese, um sistema de crescimento pessoal com a qual entrou para o rol dos pioneiros da psicologia transpessoal.

A proposta de Assagioli foi a criação de uma abordagem científica envolvendo o ser humano: criatividade e arbítrio, alegria e sabedoria, seus impulsos e outros. Assagioli desejava esta abordagem simples e prática, mas que produzisse saúde e o bem viver de forma superior e com qualidade. Assim nasceu a psicosíntese.
Conhecido ao redor do mundo através dos seus livros, artigos e estudantes estrangeiros, Assagioli privou com Jung, Maslow, Tagose e outros de igual porte. Erudito, Roberto Assagioli foi filósofo, literato, espiritualista, um homem transcultural. Faleceu em 23/8/1974. O Instituto de Psicosíntese fundado por ele (1933) continua divulgando e trabalhando de acordo com as suas teorias em: “Ente Moralo dello Stato/Roma”.

“A matéria subjugada... não é aquela coleção de objetos sólidos e estáticos estendidos no espaço, mas a vida que é vivida no cenário que ela compõe; portanto, a realidade não é só esta cena externa, mas a vida que é vivida nela. A realidade é as coisas como elas são”. William Stevens.

* Este artigo foi cedido gentilmente pelo psicólogo Carlos Antônio Fragoso Guimarães ao Jornal Infinito.

Psicologia Transpessoal - Wikipedia

Psicologia transpessoal
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A psicologia transpessoal é uma abordagem da Psicologia, considerada por Abraham Maslow (1908-1970) como a "quarta força", sendo a primeira força a Psicanálise, seguida do comportamentalismo, e do Humanismo. É uma forma de sincretismo teórico, que abarca conteúdos de muitas escolas psicológicas, como as teorias de Carl G. Jung, Maslow, Viktor Frankl, Fritjof Capra, Ken Wilber e Stanislav Grof. Surgiu em 1967 junto aos movimentos New Age nos EUA, pelo pensamento de Maslow, que dizia que o ser humano necessitava transcender sua Psique, conectando-se a outras realidades, procurando pela Verdade, de forma a entender sua existência e ajudar a si próprio.

A psicologia transpessoal tem entre seus objetos de trabalho e pesquisa os estados não ordinários de consciência que abrangem das experiência com alucinógenos (Grof, Huxley) aos estados místicos das tradições religiosas mundiais. Ken Wilber, um dos seus principais teóricos, em O Espectro da Consciência propõe uma cartografia do ser que abrange do físico ao psíquico e deste ao espírito. Por isso a transpessoal tem atraído cientistas, especialmente da física, como Goswami e Rocha Filho, que fazem a conexão entre o conhecimento científico padrão e as observações e proposições transpessoais. Assim, a psicologia transpessoal abrange o ego, como as demais escolas de psicologia, e os estados além do ego (transpessoal), inclusive nas suas manifestações aparentemente materiais. No Brasil a psicoterapia transpessoal encontrou ressonância com a tradição espírita, e os fenômenos mediúnicos passaram a ser estudados no contexto dos estados alterados de consciência.

Considerando que alguns dos teóricos desta abordagem não provêm da medicina ou da psicologia, mas sim das ciências exatas ou naturais, e que alguns fenômenos estudados por esta abordagem tem excedido os limites da psicologia acadêmica oficial, pesquisadores e terapeutas contemporâneos vêm denominando-a simplesmente de Transpessoal. Essa alteração de nomenclatura representa uma ruptura da ligação exclusiva com a psicologia, permitindo que estudiosos de outras áreas do conhecimento, interessados nos estudos transpessoais, possam participar de estudos e pesquisas em situação de igualdade com os médicos e psicólogos.

Como vem acontecendo com relação à psicologia analítica, também a transpessoal tem construído um diálogo produtivo com a física moderna e contemporânea, especialmente na busca da compreensão dos fenômenos que violam princípios energéticos e temporais (ver Física e Psicologia e Goswami). Com isso a psicologia transpessoal amplia gradualmente seu campo de ação, e hoje pode-se encontrar educadores, biólogos, filósofos, odontólogos e outros profissionais envolvidos em estudos e pesquisas desta abordagem.